Presidente Marcelo Rebelo de Sousa discursa durante as comemorações do 5 de Outubro, destacando a necessidade de adaptação da República e da Democracia aos desafios atuais.
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Comemorações 5 de Outubro: “República e Democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar e muito”

No passado dia 5 de Outubro, Portugal celebrou mais um aniversário da implantação da República, um marco histórico que alterou profundamente o rumo político e social do país. Durante as comemorações oficiais realizadas em Lisboa, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um discurso onde destacou que a República e a Democracia portuguesas continuam fortes, mas sublinhou que ambas precisam de adaptar-se aos desafios modernos.

O evento, que decorreu frente à Câmara Municipal de Lisboa, contou com a presença de várias figuras políticas de relevo, membros do governo, e representantes da sociedade civil, num momento que simboliza a renovação do compromisso com os valores republicanos e democráticos que estruturam a nação desde 1910.

Um balanço de mais de um século de República

As celebrações do 5 de Outubro remetem à Revolução de 1910, quando Portugal deixou de ser uma monarquia para se tornar uma república. Neste contexto, Marcelo Rebelo de Sousa recordou a importância de relembrar este marco histórico, mas fez questão de salientar que não se trata apenas de olhar para o passado.

“A República e a Democracia estão vivas”, afirmou o Presidente, acrescentando que “sabem que têm de mudar e muito”. O seu discurso foi marcado por uma reflexão sobre a necessidade de atualizar as instituições democráticas, para que estas possam responder às crescentes exigências de uma sociedade em transformação.

O Presidente apelou à modernização do sistema político, à maior transparência e proximidade das instituições democráticas com os cidadãos, frisando que “não basta que a República e a Democracia existam; elas têm de ser sentidas, vividas e respeitadas por todos”.

Desafios para a Democracia no século XXI

No seu discurso, Marcelo Rebelo de Sousa identificou uma série de desafios que a Democracia enfrenta, não só em Portugal, mas no mundo globalizado. O Presidente destacou a crescente desconfiança nas instituições políticas, alimentada por fenómenos como a desinformação e a polarização social, que têm abalado a confiança dos cidadãos nos seus representantes.

“Acreditar na Democracia é um exercício diário”, afirmou, referindo-se à necessidade de recuperar a confiança do eleitorado através de uma maior participação cidadã e de uma governação mais inclusiva. Neste sentido, sublinhou a importância de reformas que tornem a política mais próxima das pessoas, evitando que o populismo e o extremismo ocupem o espaço deixado pela falta de resposta adequada das instituições.

Além disso, Marcelo destacou a relevância da educação política e do fortalecimento da comunicação entre governantes e governados. “Precisamos de uma Democracia que saiba ouvir mais e falar melhor, que explique as suas decisões e que envolva mais os cidadãos no processo democrático.”

A República e a Justiça Social

Outro ponto importante no discurso do Presidente foi a questão da justiça social. Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de sublinhar que a República, enquanto sistema de governação, deve garantir a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos, independentemente da sua origem ou condição social.

“A República não pode ser apenas um regime político; deve ser um compromisso social”, afirmou, apelando à necessidade de combater as desigualdades que ainda persistem em Portugal. O Presidente referiu-se à crise habitacional, ao desemprego jovem e à pobreza como desafios que requerem uma resposta política eficaz, de modo a assegurar que o país continue a caminhar rumo a uma sociedade mais justa e igualitária.

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A pandemia e a resiliência democrática

No contexto da pandemia de COVID-19, o Presidente da República elogiou a resiliência das instituições democráticas e dos cidadãos. Sublinhou que a crise sanitária demonstrou a capacidade da sociedade portuguesa de se adaptar e de enfrentar os desafios com responsabilidade, mas também expôs fragilidades que devem ser corrigidas.

“A pandemia provou que as nossas instituições são fortes, mas também mostrou que há muito por melhorar”, afirmou Marcelo, destacando a importância de investir na saúde pública, no sistema de educação e nas infraestruturas sociais para que o país esteja melhor preparado para enfrentar crises futuras.

O futuro da República Portuguesa

Ao concluir o seu discurso, o Presidente deixou uma mensagem de esperança e otimismo. “A República tem mais de 100 anos, mas continua jovem, porque se renova a cada dia”, disse Marcelo Rebelo de Sousa. O Chefe de Estado reiterou que a República e a Democracia não são conceitos estáticos, mas antes sistemas que se devem ajustar às novas realidades e às expectativas de cada geração.

Com um apelo à unidade nacional, Marcelo convidou todos os portugueses a participarem ativamente na construção de um futuro mais democrático, inclusivo e justo. “A República somos todos nós”, concluiu, reforçando que o sucesso do sistema democrático depende da participação e do empenho de cada cidadão.

As celebrações do 5 de Outubro terminaram com um momento simbólico de deposição de flores junto à estátua de Afonso Costa, uma das figuras centrais da implantação da República em 1910. Este ato representou um tributo àqueles que lutaram pela República e um lembrete de que a preservação dos seus valores é uma responsabilidade coletiva.