Yesterday(2019)
de Danny Boyle, com Himesh Patel, Lily James, Sophia Di Martino, Joel Fry e Ed Sheeran
Yesterday era um filme que me despertava curiosidade. Como
ponto inicial abordava um grupo mítico, único e genial: The Beatles. Depois,
era realizado pelo génio Danny Boyle, autor de filmes como Trainspotting (1996), 28 Days
Later… (2002), Slumdog Millionaire
(2008), 127 Hours (2010), Steve Jobs (2015), e ainda T2 Trainspotting (2017). Tinha tudo para
ser genial. Mas será que foi?
O que nos conta o filme?
Jack Malik (Himesh Patel) é um
cantor e compositor que vive em grande dificuldade. O seu sonho não está a
correr como deseja. Todos os seus concertos, (em cafés, ou miseráveis
festivais) são flops. Mas há uma
pessoa que nunca deixou de acreditar nos seus dons, Ellie (Lily James) a sua
melhor amiga de infância e também a sua agente. Num dia, pior que nos outros,
há um corte de luz a nível mundial, e numa imensa escuridão, Jack é quase
atropelado por um autocarro. Após sair do hospital com um grande traumatismo e
sem dois dentes, Jack reúne-se com os seus amigos, e decide tocar a “Yesterday” dos The Beatles. Os amigos
acham a música incrível e perguntam-lhe se foi ele que a compôs. Após uns
longos minutos constrangedores, Jack percebe que todo o mundo não conhece a
mítica banda, ou melhor, eles nunca existiram. Sendo o único que se lembra das
músicas, está prestes a tornar o seu sonho realidade: tornar-se num cantor
extremamente famoso.
Como podem ter percebido, a sinopse
é interessante. No entanto, o filme nem por isso. O argumento torna-se
demasiado simplista ao longo dos minutos, nunca atingindo o pico máximo que
poderia ter. Embora a primeira hora seja agradável e fácil de seguir, a segunda
cai em todos os clichés que não
queria ver. A história de amor passa para o primeiro plano, deixando as partes
da fama e de todos os seus convenientes e inconvenientes muito superficiais.
Vamos ser honestos. Danny Boyle é o
rei. Olhamos para um filme, e sabemos logo que é dele. O realizador possui um
estilo único nas suas ideias de mise en
scène, e especialmente nas suas ideias de transições entre cada cena. A
edição dos seus filmes é o seu ponto mais forte, nunca tornando o pace lento ou aborrecido. Yesterday não é exceção. Ao longo da
obra, há sempre algo que me nos faz agarrar com convicção sem acharmos a
narrativa aborrecida. Os próprios títulos com as várias localizações dos
concertos são extremamente inovadores.
Himesh Patel tem uma performance mais que correta. É um protagonista que é bem-apresentado no início do filme. Conhecemos todo o seu universo e a sua perplexidade com o mundo que o rodeia. Bom ator, guitarrista e cantor. Apropriou-se das obras de John, Paul, George e Ringo sem distorcê-las. Lily James surpreende-me de filme para filme (conquistou-me em Baby Driver – 2017) e apresenta-se como a personagem secundária mais interessante da obra. Embora todos os clichés sejam com ela… Ed Sheeran é hilariante. A sério, é giro ver o Ed fazer de Ed. Invejoso do talento de Jack, assistimos a bons momentos de comédia. Como a sua sugestão de mudar o título da música “Hey Jude” para “Hey Dude”.
Yesterday poderia ter sido uma pequena pérola se não caísse em vários clichés típicos das comédias românticas. É uma bonita homenagem de Danny Boyle aos The Beatles. É pena de ter uma sinopse tão boa e do não corresponder às expetativas. Contudo, passei um bom momento.
