Satanic Panic(2019)
de Chelsea Stardust, com Rebecca Romijn, Arden Myrin, Hayley Griffith.
Satanic Panic, traz numa
curta duração, uma narrativa simples e divertida. O non sense, o não se levar tanto a sério é que torna a experiência
do público genuína – não antecipamos até que ponto se vai tornar visualmente
brutal e violento. À medida que desvendamos essa camada do filme, vamos nos
divertindo cada vez mais.
Sam (Hayley Griffith) entrega
pizzas pelas gorjetas, mas o negócio não é tão fácil quanto imaginava. Quando
faz uma entrega num bairro de ricos na esperança de receber dinheiro extra e
isso não ocorre, vê-se na obrigação de regressar e o pedir, até por necessidade
de colocar combustível na mota. Neste contexto e, sem se aperceber, vê-se no
interior de um ritual satânico.
O argumento tem vários problemas
ao nível do diálogo e da própria construção dos personagens – há quem apareça
brevemente e não tem grande utilidade para o avançar do enredo e há quem esteja
sempre na tela – a protagonista – mas saibamos muito pouco sobre quem ela é.
Essa unidimensionalidade faz com que não sintamos empatia pela personagem, mas
ao mesmo tempo reforça a ideia de que esta história é para se usufruir apenas
no momento em que a estamos a ver.
É positivo termos uma
protagonista para efeitos de valorização do poder feminino, mas isso fica nos
intertítulos da obra. Já o tema do assédio no trabalho é levado ao ecrã como
forma de criar comédia, o que me pareceu problemático. Esse tema deve, a meu
ver, ser aprofundado com cautela e seriedade.
Rebecca Romijn, interpreta a
líder do clã satânico que persegue Sam, mantendo nas suas expressões, um enorme
equilíbrio entre a seriedade e a comédia. É com ela que percebemos que apesar
de ser um filme com uma lógica de terror cómica, leva-se a sério na
concretização da história.
A banda sonora é bastante
adequada ao universo do filme, parece que estamos a ver uma aventura televisiva
de outra década – e, talvez, essa até fosse a intenção, pois não temos nenhuma
informação do tempo da história.
O plotwist dado no final, apesar
de surgir dentro do tom fantasioso da história, pareceu-me meio forçado e
incoerente. De qualquer modo, esta obra fez-me lembrar de Ready or Not (2019),
sobretudo por algumas semelhanças narrativas – nesse filme a protagonista
também se vê obrigada a sobreviver à perseguição de um clã satânico. A
mentalidade é a mesma nos dois filmes – os fracos morrem, os ricos ficam com
mais riqueza, mas para isso têm de servir o inferno. Nas duas obras, as
protagonistas já sofreram na vida e, por isso, não são fracas.
Satanic Panic é bastante
esquecível, mas entrega os ingredientes certos para entreter tanto fãs de
terror/thriller, como de comédia, enquanto dura. O charme está no absurdo.
