Interstellar(2014)
de Christopher Nolan, com Matthew McConaughey, Anne Hattaway, Jessica Chastain, Michael Caine e Matt Damon
Interstellar, um filme de Christopher Nolan, estreou nas salas de
cinema em 2014 mas tenho de confessar que só dois anos depois tive coragem de o
ver. Apesar de ser o meu estilo de cinema de eleição – a ficção científica num mix de aventura, ação e suspense –, as
suas longas três horas de duração foram sempre um obstáculo. Sejamos honestos,
uma longa-metragem de aproximadamente 180 minutos tem, quase obrigatoriamente,
de ser espetacular para prender um espetador por completo. Pelo menos a mim, se
um filme não me cativar ou não me estiver a prender durante a primeira hora,
torna-se um flop e torna-se altamente
improvável visualizá-lo até ao fim.
No entanto, ainda bem que esperei
longos 24 meses para dar uma oportunidade a este filme porque – e quem o viu
compreenderá isto – é um projeto que não pode ser visto só porque sim. Todo o
trabalho que Christopher Nolan e a sua equipa tiveram para criar Interstellar tem de ser apreciado de uma
maneira muito especial e o espetador tem, realmente, de estar preparado para o
que vai ver. Terá de estar preparado para todo aquele enlace e volte-face que a história nos
proporciona.
E para terem um real noção do que
achei desta longa-metragem, cito o site magazine-hd.com: “Interstellar” é uma obra de arte, apesar de não ser perfeito. A
atenção e detalhe dados a cada momento por Christopher Nolan fazem com que
nenhum minuto da sua longa duração pareça desnecessário.
Ora nem mais, este filme de
Christopher Nolan é, sem dúvida uma obra de arte! Fantástico! Brilhante! É, sem
dúvida, um candidato a melhor filme do século XXI até à data e fico feliz por
não ser o único a dizê-lo visto que vários sites
conceituados e críticos do mundo do cinema tenham dado essa sugestão de igual
forma.
Porém, e como não poderia deixar de
ser, não é perfeito e recebeu algumas críticas. Eu compreendo todas as críticas
que foram feitas sobre o projeto de Nolan, mas há uma em particular que me fez
rir. Sim, rir. Interstellar recebeu
duras críticas pelos amantes de agricultura porque, segundo eles, não mostra
realidade na maneira de fazer esta arte. E atenção que eu dou valor a todas as
artes que existem e tento compreendê--las sempre da melhor forma. No entanto,
acho absurdo o filme receber críticas porque não é realista o suficiente na
maneira como falam da agricultura e como a fazem – só para nos situarmos, em Interstellar, o mundo está devastado e
tem várias e intensas tempestades de poeira; além disso, a fome aperta e depois
da Universidade a única hipótese para os estudantes é tornarem-se agricultores
para ajudarem a impedir o mundo de morrer à fome.
Alguém tem de relembrar a quem
criticou o filme por estes motivos que não passa de isso mesmo: um filme. E na
7ª arte, muitos são os aspetos que fogem à realidade para dar mais impacto ao
drama e à própria história. Aqui não é mais que isso, não significa que
Christopher Nolan tenha querido ironizar a agricultura ou que ele e a sua
equipa não tenham despendido tempo suficiente a pesquisar sobre como se
cultiva.
Falemos agora do desempenho das
personagens…
Achei magnífico o papel de Matthew
McConaughey que interpretou o protagonista Cooper. No início do enredo é nos
dada a sensação de que Cooper é um pai desleixado e uma pessoa frustrada por
não conseguir seguir o seu sonho. Cooper é um engenheiro aeronáutico que foi
forçado a tornar-se agricultor pelos motivos que já falámos.
Anne Hathaway, no papel de Amelia
Brand, esteve também muito bem e penso que o seu papel era colocar neste filme
algum sentimento que poderia passar despercebido com as restantes personagens
porque esta longa-metragem foca-se no sacrifício e no amor pelos outros e deixa
um pouco de lado o amor próprio, e nesse sentido, Amelia Brand foi um grande
mais.
Em relação a todos os outros personagens, é difícil avaliá-los de igual forma porque no filme passam-se décadas no planeta Terra enquanto que, para os astronautas que vagueiam por outros sistemas, passam apenas 2 anos.
Só para termos uma breve noção,
Murphy Cooper, a filha do protagonista, é interpretada por três atrizes
diferentes: Mackenzie Foy na infância, Jessica Chastain na idade adulta – e na
maior parte do filme – e Ellen Burstyn na 3ª idade. Tom Cooper é outra
personagem que é interpretada por vários atores.
Para mim, dois grandes personagens
foram TARS e CASE, os dois robôs pertencentes às naves espaciais. Conseguiram
colocar uma grande variedade de sentimentos tanto nas restantes personagens
como nos espetadores. Houve tempo para humor, drama, preocupação e sacrifício
por parte destas personagens.
No início deste artigo, falei que
os espetadores tinham de estar preparados para os volte-faces deste enredo. Para mim há três momentos que entram
nesse parâmetro: é a descoberta de Cooper depois de entrar num buraco negro –
penso que ninguém realmente esperasse o que aconteceu e essa parte mostra o
quão pensado e repensado foi o projeto por Christopher Nolan – outro é, sem
dúvida, Dr. Mann, a personagem interpretada pelo conhecido Matt Damon.
O Planeta Dr. Mann era o único que
continuava a transmitir o sinal para a Terra depois das expedições e a equipa
de Cooper e Brand optam, numa última tentativa, por deslocar-se para lá. E na
verdade, reencontram-se com o Dr. Mann que explica atenciosamente o que
descobriu por lá e afirma que, apesar de gélido, o planeta é habitável – bem,
ao fim de contas era esse o grande objetivo da NASA ao enviar equipas de
astronautas à deriva no espaço universal.
No entanto, a personagem
interpretada por Matt Damon acaba por trair Cooper deixando-o para morrer no
meio de nenhures, confessando ainda que teria mentido e que o planeta não era,
de todo, habitável e ainda que só continuou a transmitir para que alguém o
viesse resgatar. Estas ações do Dr. Mann acabam por tirar a vida a duas
personagens e mais tarde, até dele mesmo. Mann rouba a nave espacial usada pela
equipa de Cooper para fugir do planeta sozinho, no entanto não foi capaz de
acoplar a nave e a mesma acabou por se desintegrar no espaço, matando Dr. Mann.
E esta ação fez com Cooper e Brand ficassem presos no planeta Dr. Mann com uma
nave que era usada apenas para navegar dentro dos planetas e não fora deles.
Sem hipótese de algo mais, acabam por arriscar as suas vidas saindo do planeta.
Mais tarde, Cooper percebe que a
nave não tem capacidade para sustentar dois astronautas seja a nível de
oxigénio ou a nível de mantimentos para o tempo que a viagem de regresso iria
durar e acaba por se sacrificar e abandonar Brand dizendo-lhe para que ela
terminasse o trabalho que a equipa tinha começado.
E é aqui que se dá o outro volte-face do filme. Mas este, em
concreto, não iriei dar opinião porque é apenas o real motivo por ter dito que
este filme é uma obra de arte. Veja por si.
O final do filme, para mim, é fraco
tendo em conta a enorme qualidade que vinha a ser apresentada até então.
Aqueles últimos 10 minutos deixam os espetadores com a sensação de que um
grandioso projeto como é Interstellar,
merecia mais… Faltou a tal brilhante conclusão.
O filme termina com Cooper, numa
estação espacial em Saturno, a roubar uma nave para ir em busca de Amelia Brand
que foi para o último planeta da missão inicial.
Este final é incerto. Se por um
lado não é conclusivo e deixa a porta aberta para uma possível sequela, por
outro apenas Cooper e Brand sobreviveram. Na minha opinião, não só há material
para produzir uma continuação como para produzir uma prequela (termo não
pertencente a dicionários, usado para se referir a uma obra narrativa que
antecede a inaugural). Digo isto porque seria muito interessante ver o que
aconteceu nas primeiras 12 expedições da NASA antes da equipa de Cooper ter
partido.
Seja como for, este filme é um dos
grandes nomes do século XXI e marca, sem sombra de dúvidas, pela positiva a
carreira de Christopher Nolan, bem como de todos os integrantes do projeto.
E você? O que achou desta
longa-metragem protagonizada por Matthew McConaughey?
